quarta-feira, setembro 17, 2008

Temos um país de medricas!

A verdade pode ser exagerada, mas é a minha avaliação depois de ter visto "O Momento da Verdade". Não queria tecer comentários antes de ver, pelo menos, uma sessão do programa. Vi ontem e, apesar de tudo o que já me tinham dito, acho que ainda me surpreendeu pela negativa. Pessoalmente, não sei quem e que família se sujeita àquela humilhação toda para ganhar uns dinheiros - e acrescento que, pelo que deram a entender, não eram nenhuns pobretões. O pai era o homem das respostas, apoiado por uma mulher toda risonha e meio tonta, uma mãe séria mas apoiante, uma filha histérica de riso e um filho que considerava que cada conceito debatido era sempre vasto...
O candidato só tinha olhos para duas coisas: dinheiro e mulheres sexy (o que quer que isso seja na cabeça dele). Provavelmente, como a grande maioria dos homens nacionais, julga-se um macho latino e esta sua presunção tornava-o logo irritante. Depois, de cada vez que lhe falavam em dinheiro, parecia que se alterava - "é muita 'grana'" era a sua expressão predilecta. Foi ao concurso para ganhar dinheiro, quanto mais melhor, mas acabou por sair de lá sem nada. Mentiu, segundo o polígrafo, embora o senhor tenha continuado a dizer que a sua resposta era verdadeira.
As perguntas foram abrangentes. Pretendia-se vasculhar a vida pessoal e profissional do senhor e conseguiu-se. Para mal dos pecados dele, não recebeu nenhuma recompensa. Surpreendeu-me em algumas respostas, mas, ao contrário do que eu pensava, para algumas pessoas, tudo vale em nome do dinheiro. O principal interesse da vida deste homem era estar bem e dar-se bem na vida, independentemente do que tivesse de fazer... Uma das primeiras perguntas: Se recebesse 250 mil €, era capaz de praticar relações homossexuais? E eis que o machão responde: Sim! A justicação: "é muita grana!". A família, essa, pareceu não se espantar e o filho defendeu-se com o facto de "relações homossexuais" ser muito vasto, mesmo tendo a Teresa Guilherme explicado de que se tratava. Próxima pergunta: Já alguma vez bateu na sua mulher? Pim! Por exigência da dita esposa, a filha carregou no botão. A resposta, mesmo não verbalizada, todos sabemos qual era e diz a esposa calmamente "há dias bons e dias menos bons". Ora, se encara o problema (porque é disso que se trata!) com esta leveza, por que não o deixou responder? A sessão continuou... "É verdade que fingiu ter um ataque epiléptico quando foi à inspecção na tropa?" - Sim! Assustava-o ter de passar logo o primeiro fim-de-semana a lavar pratos no quartel... Acho que o problema dele era mais saber que ia sujar as unhas. Este tipo não era um homem, era um rato, se avaliarmos pela sua (falta de) coragem. O programa prosseguiu, afinal, ele disse a verdade.... "Tem orgulho no seu filho?" - Não. Ui... agora as coisas começam a aquecer. Independentemente do que o filho tenha feito, filho é filho, mas o senhor não pensa assim. O filho bem tentou virar o jogo a favor dele, dizendo as balelas de que isso lhe daria mais força para melhorar, mas ouvir um pai dizer isto é duro... e triste - ainda por cima, na praça pública. O rol de perguntas continuou, mas, curiosamente, seria o filho a causa da perda do senhor neste jogo. Na pergunta "Sente rancor do seu filho por ele lhe ter destruído um carro?", o concorrente mentiu. Disse "Não.", mas o polígrafo acusou a mentira. Como é que um pai guarda rancor por isto? Mesmo sendo o melhor carro do Mundo, o que era suposto interessar ao pai era o facto do filho não se ter magoado... não?

Já deu para ver de que é feito este programa. Os ingredientes essenciais são humilhação, chafurdice, provocação e conflito. O nível dos programas de televisão está cada vez mais baixo, por isso não admira que a sociedade esteja como está. Será que ainda pode piorar?

8 comentários:

É que o programa é mesmo tudo que descreveste, fica tudo dito.
Eu ontem não vi, tal como tu, bastou-me uma vez para perceber que será sempre a mesma coisa. Podem até dizer que é combinado, bla, bla, bla, mas não deixa de ser humilhante prestar-se a um papel daqueles.

Perguntas se a televisão pode piorar, e eu digo, acho que pode. As pessoas são capazes de qualquer coisa por dinheiro.
Pobreza de espírito.

Ontem liguei a tv na altura em que estavam nessa pergunta do "Se recebesse 250 mil €, era capaz de praticar relações homossexuais?". Para além de ter dito que sim, o senhor ainda acrescentou que aviava dois se fosse preciso!
E a seguir desliguei a televisão.

Eu sou como o Groucho Marx, digam o que disserem a televisão é o produto muito educativo. Todas as vezes que alguém liga o aparelho num programa desses eu vou para outra sala e puxo um livro...

Agora a sério, não consigo ver esses programas e a questão nem é de criticar sem ver as coisas, basta perceber o que é o programa para eu não o ver. Ouvi a publicidade, isso bastou-me para não o ver, não consigo até por questões de digestão do jantar, aquilo é tão nojento que corro o risco de vomitar tudo.

Não vi o primeiro programa, mas de tanto ouvir falar ontem vi os primeiros minutos.
Resolvi fazer uma coisa bem mais interessante e fui dormir!

Não há paciencia...

beijos

Desconhecia a existência de tal programa. Ainda por cima com a Teresa Guilherme? Medo, medo!!!

Eu fiz scroll para baixo no post, só para poder comentar:

Não vejo, nunca vi, e nunca irei ver! Viva a TVCabo e toda a parafernália de canais que nos permitem ver sempre qualquer coisa de interessante :)

Eu só vi um bocadinho do primeiro prorama e fiquei chocada...

Não pelo programa em si, mas pela criatura que estava a ser "avaliada" e respectiva familia. Sei que sou algo "naife" mas não pensava que estas pessoas ainda existissem nos dias de hoje!!!

Bêjos

Esse foi o único dia em que vi esse programa. Também o achei muito ridículo. E esse concorrente então...enfim. Temos um país repleto de gente...estranha (acho que assim não desço ao nível de ninguém).
Prefiro ver o jogo duplo, sempre ponho a minha cultura geral em funcionamento.