terça-feira, agosto 21, 2007

O sonho...e a realidade

No sábado, fui ao Minipreço comprar uns gelados e, quando cheguei à caixa para pagar, quase cai de espanto. A atender os clientes estava uma antiga colega minha do secundário. Inicialmente nem a reconheci: está mais rechonchudinha, casada, com muitos mais cabelos brancos. O nome na lapela, porém, foi a prova de que precisava: Gena Sisse. De imediato, fiquei meio deprimida e recordei os bons tempos de juventude que tínhamos passado.

Saímos da escola secundária na mesma altura e ambas seguimos a via universitária (embora ela tenha ido para uma privada). Segundo as minhas contas, era suposto ela já ter acabado o curso ou estar a terminá-lo. É verdade que não sei sequer se ela o levou adiante, mas fiquei a pensar em como a vida actualmente é dura. Uma pessoa mata-se a estudar, os pais fazem sacrifícios para que tenhamos educação e depois o mais que se consegue é ser caixa de um supermercado (sem desprimor para quem o é).

Cheguei a casa mesmo abalada. A vida, hoje em dia, está díficil e é inevitável pormos em causa tudo o que nos rodeia. Perdemos anos a estudar, a lutar pelo objectivo de ter um curso para depois não fazermos uso dele. Dou graças por ter um emprego, por ganhar razoavelmente, mas é óbvio que não me sinto realizada (e não páro a minha procura). Ela é um ano mais velha do que eu (tenho 23), mas parecia já ter uns 30. Quando a olhei, fiquei impressionada... Não lhe restava quase nada da adolescência: nem o sorriso contagiante nem a inocência desses tempos. É triste ver as voltas que a vida dá e o que o futuro nos reserva... Espero que, daqui para a frente, as coisas melhorem para mim, para ela, para todos nós...

11 comentários:

Li o teu post e vi-me.
A verdade é que ainda não tentei ir para uma caixa de supermercado porque tive demasiada vergonha de encontrar pessoas conhecidas, e também porque ainda não tenho obrigações que me levem a fazê-lo.
E nem é pelo facto de ser caixa: é sim, pela facto de elas serem exploradas ao máximo e receberem ordenados que não compensam o trabalho que fazem e os fins-de-semana que perdem.
É triste olhar à nossa volta e ver as outras pessoas com a vida emcaminhada... excepto nós!
Isto está realmente complicado. E a tendência não me parece que seja para melhorar!
Grande post Cristina.

Já que gostas tanto de ler aconselho vivamente Pai rico, Pai pobre. É adequad a este post.

Cumpts.

Fogo!!! Isso também já me aconteceu, fico sempre deprimida, e ainda nós nos queixamos.

Bêjos e obrigada pela visita

Mesmo a calhar, estou a ver o programa, Opinião Pública, na Sic Notícias e o tema é o desemprego nos licenciados.
É claro que trabalhar numa caixa de supermercado com uma licenciatura é mau, mas temos que pensar que uma licenciatura não é um bilhete para o sucesso e riqueza. Existem cursos com um número absurdo de licenciados que é quase impossível haver um emprego para cada um deles. Temos que começar a ver as coisas por outro prisma, temos que continuar a apostar na formação mas as pessoas precisam fazer escolhas racionais sobre o futuro profissional que querem ter.
Uma engenheira florestal, que participou no programa, dizia que não existem profissionais suficientes na área dela e um projecto lançado pelo governo para fazer um levantamento florestal do país, não chegou a ser concretizado devido à falta de pessoal qualificado. E ela, para dar a volta à situação, criou a sua própria empresa.

Tudo isto para dizer que, na minha opinião, as pessoas deviam escolher o curso consoante as necessidades do mercado ou então podem escolher o curso pela vocação e preparar-se para a possibilidade de ter que trabalhar noutro ramo.

Belo assunto!

O teu post foi melancólico. Também eu encontro muitos colegas da escola, estamos mudados, muito mais velhos, sem a inocência dos tempos de escola e, cada um à sua maneira, falhou o que sonhou... A vida é dura, é dura e injusta...

Cumprimentos.

Bem .... melancolia aos 23 anos, isto está pior! Bem a verdade é que está, não diria pior, mas diferente. Este post entristeceu-me profundamente, pela melancolia, como se a "os bons tempos de juventude" como tu mesma disseste, fossem passado, bolas tens 23 anos se continuares assim que dirás quando tiveres a minha idade??
Será que querias dizer: "bons tempos de" ESTUDANTE???

A vida não está fácil para ninguém, uns por falta de experiência não arranjam trabalho, outros pela idade, excesso de experiência, etc.... Um dia de cada vez....
Mas nada dessas meláncolias tolas falas como se a juventude fosse coisa do passado. E não me venhas dizer que agora vivem mais depressa, tretas!! São vocês (vintagers) que destroem a vossa juventude, que a arrasam e maltratam....
Dahhh tou nos trinta e sabes do que tenho saudades? Do tempo em que não tinha responsabilidades.... isso sim mas a juventude trago-a no peito!

Beijokitas

A vida não é difícil - é um desafio. É como um jogo de futebol. Mesmo quando se está a perder, é preciso acreditar que vamos ganhar. Só quem pensa que entra a perder é que está condenado à derrota. ;)

Que situação triste... Realmente as coisas andam más, e nunca sabemos a volta que a vida dá... Mas é muito mau investir-se num curso e depois acabar na caixa de um supermercado. Mas, pelo menos ela ganha o sustento dela de maneira decente.

Pois, é de deixar qualquer um triste. Aqui à tempos aconteceu-me algo idêntico. Uma ex-colega minha da secundária andava às compras com o filho e o marido no LIDL.
Nem parecia a mesma pessoa, mas era...
Os anos passam e, para algumas pessoas, o passar do tempo faz com que se transformem completamente.
Agora pensem...
como se sentiram as pessoas idosas..?
Triste, não é?

Bom, antes de mais, este post não foi melancólico. Simplesmente não estava à espera de reencontrar uma colega assim e de a ver tão envelhecida/abatida.

A Mary tem razão no que diz, é verdade. Acho que no nosso país há um excesso de Universidades Privadas, cursos e vagas para as universidades. Claro que, no final de tudo, não pode haver lugar para todos. Fala-se muito em apostar na formação e criar mais cursos tecnológicos, mas uma vocação não é qualquer coisa que é moldável. Nasce com a pessoa e consequentemente luta-se por isso. Podiam criar mais cursos para sapateiro, electricistas, carpinteiros, mas, realmente, quantos de nós acham que tem perfil para isso?

O que mais me preocupa é que nem o próprio Estado manifesta vontade em debelar o problema. Querem é avançar com o plano tecnológico, mas esquecem-se que as pessoas sem trabalho também não avançam e o país não melhora. Estes estágios governamentais que se criam só servem de fachada porque, passado um ano, os estagiários são dispensados e surgem outros. O desemprego mantém-se igual, só mudam as caras...


Cumprs

E ainda dizem que antigamente os tempos eram duros... não duvido, acho que era diferente, tinham mais facilidade numas coisas e dificuldades noutras... mas uma coisa é certa: a vida não está nada fácil para os "jovens de hoje em dia".